quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A Burguesia No Processo Revolucionário Francês (Parte 3)


 Desde o período medieval a base ideológica para a monarquia absolutista era promovida pela Igreja Católica. Era a Igreja que “validava” a figura do Rei como “divina”. Se a burguesia ansiava por modificações (sejam sociais ou econômicas) esses paradigmas deveriam ser modificados. O movimento ideológico Iluminista serviria para substituir a validação católica e autenticar o modelo proposto pelo Terceiro Estado (lembrando que o Terceiro Estado era composto pela alta, média, pequena burguesia, camponeses e trabalhadores das cidades ou Sans-culottes. Contudo, a burguesia foi à grande beneficiada na Revolução justamente por deter um plano político e econômico para modificar a sociedade francesa do período).
Na Revolução Inglesa já se abria a possibilidade de governar uma sociedade sem a figura do Rei (Republica Cromwell), inclusive, a personificação divina encontrada no Rei caiu por terra quando os parlamentares derrotaram os absolutistas. Posteriormente julgaram e executaram o Rei. Dessa contestação nascia o pensamento iluminista através de John Locke, que assistiu o período da Guerra Civil entre o Parlamento e a Monarquia. A ideologia iluminista viria ser justamente uma crítica ao modelo social vigente. Uma crítica a Igreja (pelas explicações míticas e validação da monarquia absolutista), ao Estado despótico (que era considerado divino e isso justificava suas intervenções políticas e econômicas), a sociedade (que era engessada e designada pelo nascimento). Em contrapartida as críticas, o movimento intelectual iluminista pregava uma busca pelo conhecimento através da ciência, uma desmistificação, um racionalismo. Buscava também uma maior participação da sociedade frente ao Estado e pregava o Liberalismo (Político através do voto, econômico por defender a não intervenção do Estado na economia e social através da igualdade dos homens pelo nascimento).
O Rei e a Bastilha
Além do alicerce Iluminista, outras frentes contribuíram para que a burguesia atingisse o seu objetivo, como:
A questão política. Havia um despotismo por parte da monarquia e o Rei era visto como de linhagem divina. Privilégios para o Clero e Nobreza;
A crise econômica. Más colheitas e dificuldades para a obtenção de alimentos geraram grandes fomes para as classes mais pobres. Havia também os gastos excessivos com a manutenção dos exércitos que lutaram na Guerra dos Sete Anos e pela Independência dos Estados Unidos. E mais, também existiam os gastos da corte com suas festas e manutenção dos Nobres;
Desnível econômico e consequentemente social. Somente o Terceiro Estado sustentava a máquina monárquica (incluindo os Nobres) e o Clero;
Aliás, foi a partir desse desnível tributário que originou o início da Revolução Francesa. Luís XVI viu que apenas a contribuição do Terceiro Estado não era suficiente para conter a crise econômica, por isso, convocou a Assembléia dos Notáveis (onde Clero e Nobreza faziam parte) com o intuito de estender as cobranças ao Primeiro Estado (Clero) e Segundo Estado (Nobreza). Ambos negaram-se a contribuir com a monarquia, então, a solução era o aumento da carga tributária ao Terceiro Estado. Então Luís XVI convoca a reunião dos Estados Gerais (reunião dos três Estados). De nada adiantaria para o Terceiro Estado sua inclusão, pois, o Clero e a Nobreza possuíam um voto cada contra um voto do Terceiro Estado. Sendo assim, o Primeiro e o Segundo Estado poderiam fazer alianças para derrotar o Terceiro Estado (que representava um voto). O Terceiro Estado exigia frente ao rei que os votos fossem contabilizados individualmente, assim, teriam como articular alguma manobra para obterem uma voz “ativa” na reunião. Como isso não ocorreu, em 9 de Julho de 1789 o Terceiro Estado (com apoio do baixo Clero) proclamou a Assembléia Nacional. A Revolução havia começado.
Logo após a fundação da Assembléia Nacional, em 14 de Julho de 1789 a Bastilha (símbolo do poder monárquico) é tomada pelos populares. E em tempos de revolução a derrocada de símbolos existentes é marcante tanto para quem é atingido quanto para quem atinge. 

Fontes da Internet:

http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/f/f2/Atelier_de_Nicolas_de_Largilli%C3%A8re,_portrait_de_Voltaire,_d%C3%A9tail_(mus%C3%A9e_Carnavalet)_-002.jpg/200px-Atelier_de_Nicolas_de_Largilli%C3%A8re,_portrait_de_Voltaire,_d%C3%A9tail_(mus%C3%A9e_Carnavalet)_-002.jpg

http://forumeja.org.br/go/files/demerval%20saviani.pdf

SAVIANI, Demerval. O Trabalho Como Princípio Educativo Frente As Novas Tecnologias. Faculdade: UNICAMP.

http://www.revista.ufal.br/criticahistorica/attachments/article/118/O%20Pensamento%20Iluminista%20e%20o%20Desencantamento%20do%20Mundo.pdf

DE MELO, Vico Denis, DONATO, Manuella Riane. O Pensamento Iluminista e o Desencantamento do Mundo: Modernidade e Revolução Francesa como marco paradigmático. Revista Crítica Histórica, 2011, p. 248 – 263.

http://rousseaustudies.free.fr/articleailluminismopedagogico.pdf

DALBOSCO, Claudio Almir. O Iluminismo Pedagógico de Rosseau. Universidade: UPF.

http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/1718/1638

GONÇALVES, Bruno Tadeu Radtke, BERGARA, Paola Neves dos Santos. A Revolução Francesa e Seus Reflexos Nos Direitos Humanos. Faculdade: FIAETPP

http://ebookbrowse.com/gdoc.php?id=472337463&url=46571ce2c4c248d5ef5dc1f67ce073c0

MONLEVADE, Danilo. Revolução Francesa. Colégio Notre Dame de Lourdes.

http://www.academia.edu/720564/As_Transformacoes_do_Poder_Politico_na_Revolucao_Francesa

DA ROSA, Ismael Valdevino, TABORDA, Luana do Rocio, DA SILVA, Peterson Roberto. As Transformações do Poder Político na Revolução Francesa. Universidade: UFSC. 2011.

http://filosofia.fflch.usp.br/sites/filosofia.fflch.usp.br/files/publicacoes/Discurso/Artigos/D9/D09_Revolucao_burguesa_e_revolucao.pdf

LOWY, Michael. Revolução Burguesa e Revolução Permanente em Marx e Engels.  CNRS, Paris, p. 129 – 151.
Fonte do documentário (You Tube):

http://www.youtube.com/watch?v=xpiAQRqVZtQ

SHULTZ Doug, SIO Hilary, EMIL Thomas. The French Revolution. Produção: Partisan Pictures, History Television, Network Productions. AGE Television Network, 2005. Reprodução: History Channel

 Referências Bibliográficas:

HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções: 1789 – 1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, p. 97 – 131.
FLORENZANO, Modesto. As Revoluções Burguesas. São Paulo: Brasiliense, 1991, p. 7-14.


GALLO, Max. A Revolução Francesa, volume I: o povo e o rei (1774-1793) / Max Gallo; tradução de Júlia da Rosa Simões. – Porto Alegre: L&PM, 2012, p. 158 - 159.

Por: Lúcio Nunes

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